Fala-se na vida e na morte como realidades opostas, quase que paralelas, mas na realidade tratam-se de duas irmãs no tempo, pois sem o término das coisas ou da vida não haveria lembrança, passado, vivências, saudade, esperança, memória... Essências que alimentam a vida, o anseio de um futuro próximo, de um sonho... Desejos únicos e estranhos...
Num tempo que teima em passar por tudo e todos sem perguntar se morrer ou viver é opção. Assombrando os vivos com o receio de que a morte é tenebrosa e obscura quando na verdade é apenas natural, controí memórias nos vivos e com o passar do tempo a tristeza das memórias cai em esquecimento e passam a ser elas mesmas, as memórias, o apoio da vida. Alguém sem memórias não é alguém, chega mesmo a ser um nínguem, num vazio, num ser com vida mas feito de nada e perdido no meio de tudo.
Não existe vida sem ideias, sem rumo ou sem vozes anónimas e saberes antigos que nos façam pensar. Os mortos trazem-nos memórias e os vivos ajudam-nos a contar e continuar a nossa história ... "Se uma pessoa não tem mortos não tem vivos também".